
Levanto-me e canto
a um Deus
De novo encanto-me
com a luz
Foda-se não era
assim que era para
Ser
Ser! Ter!
Quero o espanto
que abala, derruba,
os feitores do Ter
Ter
que não sabe
se alguma vez é SER
Ser EU
Asfixiado na contabilização
do Ter
não abrange Eu Estar no Ser
Absorvido pela mesquinhez
de Ter
Quero a sensação arrojada
dos que comigo gritam
bem Alto
o encanto da procura
os que cantam a dor
Ter
Sem Ser
dor aguda, absurda
Foda-se eu quero ser.
RODRIGUES, Fernando (1996) – "À Emoção", in BOSQUE FLUTUANTE – o vírus na rede dos camaleões, Colectânea de 12 autores. Ed. Minerva, p. 53